terça-feira, 5 de março de 2013

Diálogos Impossíveis

Para uma terça-feira chuvosa, como hoje em Brusque, a Livraria Brusquense tem a sugestão de leitura ideal: Diálogos Impossíveis. Com certeza, o livro vai alegrar seu dia com o humor inteligente de Luís Fernando Veríssimo.

Drácula e Batman discutem no asilo. Robespierre tenta subornar o carrasco. Goya e Picasso conversam sob o sol da Côte d’Azur. Juvenal planeja matar a mulher, Marinei, que o despreza. A recém-casada Heleninha pede conselhos ao urso de pelúcia. 

Qual um existencialista dotado de senso de humor, Verissimo persegue em suas crônicas o absurdo que marca a existência humana – salvo engano, a única que se preocupa com o seu propósito, o seu término e se alguém está falando demais na hora do pôquer. Em nenhum momento essa maldição se torna mais evidente do que na hora em que o homem abre a boca. Então, o que era para comunicar acaba é “estrumbicando”.

Tais constatações podem ser verificadas em seu novo livro, Diálogos impossíveis, seja no diálogo imaginário de Don Juan tentando seduzir a própria Morte ou na conversa cotidiana de um casal que se desentende na hora de dormir. Tanto faz. O homem – e, sejamos igualitários, a mulher – parece falar o que não deve e calar no fundamental. Para sorte do leitor, Verissimo está sempre por perto, registrando os hilariantes momentos em que o ser humano exerce sua vocação para a confusão:

– Não somos muito diferentes – diz Drácula.
– Somos completamente diferentes! – rebate Batman. – Eu sou o Bem, você é o Mal. Eu salvava as pessoas, você chupava o seu sangue e as transformava em vampiros como você. Somos opostos.
– E no entanto – volta Drácula com um sorriso, mostrando os caninos de fantasia – somos, os dois, homens-morcegos...

Batman come o resto do seu iogurte sob o olhar cobiçoso do conde.

– A diferença é que eu escolhi o morcego como modelo. Foi uma decisão artística, estética, autônoma.
– E estranha – diz Drácula. – Por que morcego? Eu tenho a desculpa de que não foi uma escolha, foi uma danação genética. Mas você?

Nas crônicas reunidas neste volume, Luis Fernando Verissimo escreve sobre impossibilidade, incomunicabilidade e mal-entendidos. Escreve, enfim, sobre a vida.

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