No Dia Nacional da Poesia, um destaque para a poeta brusquense Suzana Mafra.
Ninguém
Toquei minha pele na pele do meu
inimigo. Nunca mais escrevi nome
algum. Ninguém: é o que sou.
Hiberno. Até que tudo retome um
sentido. O desassossego é para ser
sentido a sós.
Beijei a face do meu inimigo. Uma e
Outra. Ele ofereceu-me o corpo.
Negado três vezes: judiação.
Com lâmina afiada, arranquei a pele
do meu braço e rosto. Pergaminho
para escrever nenhum nome.
Hiberno. Enquanto meu corpo se
reveste.
Pele macia a do inimigo. Lobo vestido
de algodão. Boca e língua de castigo.
O verbo: emudecido.
Hiberno.

Além do livro Borboletras, Susana Mafra tem um blog, ótimo de "folhear". Foi dele que capturamos o poema acima.
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